Judite de Sousa: - Senhod pdocudadode, ao fim de quatdo meses e meio continua num estado de gdaça. A que se deve isso? Procurador Pinto Monteiro: - Olhe, ainda não me aconteceu nenhuma desgraça!
Não quero meter a pata na poça. Não me quero esticar. Tenho medo de soltar os dedos e começar aqui a dizer coisas que não podem ser ditas. Que não podem vir para a praça pública. Quero ficar só assim, sossegado. Feliz. Muito feliz.
Aborto? Por princípio moral, não. Penalizar alguém por fazer um aborto? Obviamente que não. Então? Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas dez primeiras semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado? Epá, claro! A minha cruz já foi colocada.
São porcos. São ordinários. São sujos. Dizem asneiras. Vomitam. Partem-se todos. Dão peidos. Andam nus. Coçam os tomates. Arrancam pêlos púbicos e colam na cara de outréns. Fazem apanhados relacionados com testículos de idosos. São gordos. São magros. São anões. Furam-se com piercings. Fazem tatuagens. Furam-se com anzóis e metem-se com tubarões. E com crocodilos. Andam de bicicleta e skate. Levam com tiros. Dão socos uns nos outros. Voam. Caem. Aleijam-se. São parvos, sim. Mas este genérico é do melhor que tenho visto.
Raramente o ouvi falar com a voz. O discurso dele faz-se com as cordas. Uma linguagem gestual diferente da que estamos habituados, daquelas que nos dão as notícias no "Bom Dia Portugal". Comprei os "Movimentos Prepétuos" de homenagem a Carlos Paredes. Daqueles discos que agarramos e encostamos a nós com força e olhamos para o lado. A ver se ninguém o vê, porque pode ser o último. "A mim já ninguém mo tira", pensei. Sobretudo, com o preço de cinco euros e noventa e nove. Fica que é uma delícia ali na minha estante, cada vez mais compostinha.
Ao ler o encarte apercebi-me de uma coisa. Tão natural, dirá a maioria. No texto do antropólogo Pedro Félix fiquei preso a uma frase: "(...)A sua vida, as suas opiniões, a sua música, corporalizam precisamente a libredade, mesmo quando esta era total ou parcialmente suprimida pela PIDE (...)". Pela PIDE? O que raio queriam esses gajos deste homem? É, não é? Não precisava de falar para ser contra o regime. Bastava aquela linguagem gestual dele. Aquele dedilhar de cordas, de subir e descer o braço da guitarra para incomdar, não era? Arrepiava, não era? Deixava-os a mexer-se na cadeira. Foram os melhores discursos que Portugal ouviu.
O primeiro-Ministro, José Sócrates, observa um mapa mundo com Portugal em destaque durante a visita ao Centro de Exibições de Planeamento Urbano em Xangai. Para ver a foto de Tiago Petinga, da Lusa, em grande é favor clicar na respectiva.
Hoje gritava. Daqueles gritos até cuspir sangue. Mas é que fazia mesmo. Só não faço porque não dá muito jeito e pode prejudicar a voz de um indivíduo até, vá, para sempre. E depois teria de ir até casa, entrar, com a roupa suja de sangue, e dizer a minha mãe: "Ó mãe, vê lá isto que parece que estou aqui a cuspir sangue derivado ao facto de ter estado a gritar em demasia." E não era bonito. Iria causar preocupação em família, o que obrigaria a uma deslocação ao Amadora-Sintra, àquelas urgências deliciosas e gostosas. Àquela triagem eficiente. Depois aos corredores cheios de defuntos.
Mas não dá muito jeito, é isso. Tenho outras coisas para fazer. Tenho é de ver o quê.